quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Minha sedução

Ah! Loucura,
Que doçura a língua gelada de picolé de uva,
Que doçura os dedos melados de algodão doce,
Que doçura seu perfume de lavanda,
o olhar de ternura, a voz suave no meu ouvido,
Que loucura minha sedução
pela infância que não esqueço.

loucura sã

Eu juro que acredito
Que ouçam os surdos,
O que dizem os mudos,
Os cegos falam,
Eu vejo!
Mas os sábios não crêem,
Que não somos muletas,
Há esperança nas mãos.

Poetrix

Céu e inferno
Cheguei ao céu,
vi Deus
Mas como? Se não tinha ninguém

Céu e inferno
Mando em mim,
Obedeço á Deus,
Respeito o capeta.

No chuveiro
Liguei,olhei,
e ri.
Faltou água

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poetrix

RUMO
Crônica? Poesia?
Passos indecisos
lusco-fusco das letras.

CONVERGÊNCIA
Ponto de encontro
textos, poesias,
neo-escritores.

FESTA
Sinos dourados
rufar de asas
sons natalinos.

META
Caminhos abertos
inspiração,
explosão de idéias.

EMOÇÕES
Beijos, abraços,
mãos se encontrando
amor no ar.

VOLTA
Batalha vencida
obstáculos contornados
recomeçar.

NOVA VISÃO
Crise ultrapassada
entusiasmo,
vida prà frente.

APARÊNCIA ENGANOSA
blim-blom, blim-blom
movimento ritmado
futuro incerto.

Poetrix

NATAL
Brinquedos suntuosos
Presentes supérfluos
... E a fome ronda.

ANO NOVO
Roupas luxuosas
Jóias deslumbrantes
... E a fome ronda.

INÉRCIA
Propósitos inusitados
Arrancada célere
Letargia permanece.

INCOERÊNCIA
Decisões precipitadas
Letargia
Montanha firme.

DETERMINAÇÃO
Passos decididos
Meta audaciosa.
Querer? Poder!

VIDA RENOVADA
Luzes ofuscantes
Convite irrecusável.
É o amor.

SONHAR
Sonhar acordado
Sonhar sempre
Afastando pesadelos.

VIVER
Alcançar sonhos
Deglutir sonhos
Sonhando repousar.

LUTA
Batalha permanente
Vigília constante
Vitória conquistada.

VIDA?
Desejos desenfreados
Orgias
E o inferno que espere.

DÚVIDA
Prazeres parcelados
Alegrias em pílulas
Limite: Céu?

INCERTEZA
Que será?
Que será?
Pós- io-
Vida io.
Céu?
Inferno?

SEXO
Elétricos
Frenéticos
Perdidos nas nuvens.

QUE SERÁ?
Indesejáveis
Poluidores
Soltos no ar.

LÚDICO
Eu te amo.
Tu me amas?
Pingue-pongue da vida.

FESTERÊ
Luau. Sarau.
Corpos sarados mentes abertas.
Uau. Uau.

PERMANÊNCIA
Abalos repetidos
Sete vidas
Gata sobrevive.

INSISTÊNCIA
Mastro imponente
Velas recolhidas
Mar revolto.

TRAMA
Elenco fascinante.
Drama? Comédia?
Palco da vida.

LAMBADA
Dança nordestina?
Agressão física?
Não. Vogal trocada.

Grupo reunido

Bons pensamentos
Criação erótica.

Miniconto

No elevador faltou luz
Logo hoje eu estou sozinho aqui.

CÉU
-Com tantas orações de minha madrinha e novenas de minha mãe... como não posso entrar?
- Ah, sim. Os nomes delas constam no livro.

INFERNO
- Para onde esperavas ir? Queimaste literalmente todas as chances de ir para outro lugar.

FALTOU LUZ
Começou a sessão.


FICÇÃO
Nasceu e, descontente pediu asas... Tendo asas, alçou vôo... Voando, atravessou mares... Desiludido, voltou ao ninho... Ao encontrá-lo vazio, morreu de desgosto e arrependimento.

Se eu ganhasse na loteria

Procuraria auxiliar meus familiares mais próximos. Aproveitaria para desbravar o Rio Grande do Sul. Realizaria sonhos antigos. Freqüentaria mais teatro e exposições. Batalharia pela construção de uma Casa de Cultura em minha cidade. Visitaria mais meus parentes. Organizaria mais encontros em minha residência. Daria o maior apoio ao pessoal da cultura.

Reminiscências

Ah! ... As brincadeiras dos anos 50: Jogos nas calçadas... Teatrinhos... Danças...
Bonecas de pano... Bolinhas de gude... Pandorgas cortando os ares... Bilboquês... Rodas cantadas...
Tudo muito inocente, sem preocupação com tanta violência de hoje... Sempre misturados, meninos e meninas... Muita fantasia no ar... Muita criatividade... Muita atividade física...
Tudo o vento levou... Só não precisava ter levado é o respeito aos mais velhos, a observação dos limites, a paixão pelos livros e a infantil criatividade.

Viagem

Trilhando o longo caminho da vida, iniciando pelos verdes anos de criança, surgirão alegrias e expectativas que causarão emoções... Questionamentos inusitados aparecerão a cada curva e cores provocantes de liberdade suscitarão dúvidas que se perderão nos emaranhados da lógica.

E se...

E se eu não tivesse parado de trabalhar fora?
E se eu falasse sempre o que acho que deva ser dito, na hora certa?
E se eu mantivesse minha hilaridade, em prejudicar os outros?
E se eu prestasse mais atenção nas pessoas?
E se eu pintasse minhas telas todos os dias?
E se eu concretizasse mais os meus sonhos?
E se fizéssemos mais reuniões literárias lá em casa?
E se eu morasse mais perto de meus filhos?
E se eu escrevesse todos os dias?
E se eu controlasse mais meu humor?

Se eu ganhasse na mega-sena

Se eu ganhasse na Mega-sena, entraria imediatamente de férias: do trabalho, dos compromissos do dia-a-dia, do relógio. Levaria minha família por lugares sonhados: praias, serras, Alpes, belas cidades... Iria à Veneza, navegaria nas gôndolas; em Paris, subiria na Torre Eifhel; Iria à Índia, de Gandhi e à terra da Rainha ver a troca da guarda. Voltaria a ser criança na Disney e procuraria pelo “Nemo” na Austrália. Voltaria à Pátria amada, passearia por suas belas praias e por nossos sertões, vendo o seu luar. Iria à Amazônia para ver o encontro dos rios. Cansada de tanto viajar, voltaria para casa, “lar - doce - lar”, descansaria e retomaria a vida: melhoraria a casa, faria cursos diversos, namoraria sem pressa, trabalharia por prazer.

Minicontos

No Elevador
- Vai demorar?


No Ônibus
- Ta livre?
- Sim. E o banco também.

No Banheiro
Sentada no trono, pensei:
- Que merda!

Criação a partir de uma frase

“Era uma tarde boa para a gente existir. O mundo cheirava a casa.” (Mia Couto, O fio das missangas).

Nas férias sempre voltávamos à casa dos meus pais para visitá-los. Quanto mais perto, mais a sensação e o cheiro da casa aumentavam. Lembranças da infância invadiam a minha mente: a casa limpa, o quarto com suas camas com lençóis limpinhos e cheirando a alfazema. A cozinha, lugar de encontro de todos, cheirando a feijão ou invadida pelo aroma dum café recém passado. Cada cômodo da casa resgatava um pouco do meu passado, já não tão distante; os porta-retratos nos móveis reavivam muito mais o passado recente: férias na praia, o cachorro querido, a primeira comunhão, as formaturas, os quinze anos, as brincadeiras de infância... Passaram-se mais de trinta anos e é como se uma tela se abrisse em minha memória e trouxesse tudo de volta: o abraço gostoso de minha mãe e seu cheiro único, os amigos de infância, os aniversários, os parentes que já se foram, o cheiro da chuva, o milho verde cozido, as frutas da época, subir em árvores, tomar banho de chuva e de mar, andar de bicicleta, as missas aos domingos. Cheiros que o tempo levou e que num redemoinho a memória traz de volta.

E se ...

E se eu tivesse nascido aos nove meses como a maioria? O que os astros me diriam? E em que signo solar eu seria: uma capricorniana, ou talvez uma aquariana e não uma legítima sagitariana (coisa de que muito me orgulho)? Será que isso influenciaria na minha personalidade, no meu humor e nas minhas decisões de vida? Se eu tivesse nascido aos nove meses quais seriam as conjecturas planetárias existentes naquele momento? Vênus estaria em quadratura com Saturno, dificultando o meu lado amoroso? Ou estaria em trígono com Júpiter, tornando-me uma mulher muito mais amada? Quer saber, vou deixar as conjecturas e os astros pra lá e vou viver essa doce vida de uma sagitariana muito feliz!

Peixe diferente

Noite de quase ano novo. Rojões se espatifavam no céu, famílias se revezavam no interior das casas preparando a grande fes ta . Mas eu! Eu não estava nem aí para festança, barulho, ajuntamento da parentela. Meu grande prazer é e sempre será admirar a água com estes olhos por detrás dos grandes óculos com lentes fundo de garrafa percorrendo as ondas na maré que sobe e desce na expectativa de vislumbrar o salto dançante de um habitante do mar. Tainha, papa-terra, bagre, sardinha, peixe- rei... Não importa... Se cair na rede é peixe e já fico com a boca nas orelhas.
Sobre a ponte meio deserta do rio Tramandaí me preparei para mais uma jogada de tarrafa. Após panear com a mão direita pois sou canhoto, prender a chumbada nos dentes como todo bom pescador, forçar minha barriga de gestante aparentando seis meses, finalmente aquela teia gigante voou pelo ar e atrás dela um enorme bloco de cimento.
Senti flutuar, o frio da noite ficou mais intenso com o baque na água. Logo só ouvi um som surdo tudo era escuro, minhas mãos procuravam e só encontravam o vazio. Senti algo em meu pulso que me impulsionava para baixo. Retirei num ímpeto aquela laçada ficando mais leve; estava livre da tarrafa. Falei com Deus, vi o caminho do céu ou os diabinhos todos dizendo:____ Vem! Vem! Aqui está bem quentinho!
Diante deste lampejo dramático da morte busquei algo e enfim minhas mãos encontrara aspereza, algo gigantesco que arranharam meus braços. Foi o melhor abraço da minha vida! Agarrei-me e subi. Vi luz emergindo das águas; meu peito se inflou com tanto ar e percebi que estava vivo.
No dia seguinte, corria uma notícia bombástica entre os pescadores da cidade:
Olhem! Olhem! Aquele boto está de óculos.

Criação a partir de palavras escolhidas pela turma

DEPENDE DO OLHAR

A vida pode ser cheia de alegrias. Depende da emoção pelo beijo recebido da criança com aquele lindo chapeuzinho verde ou da expectativa pela clara manhã de sol propiciando liberdade para correr na praia.
Porém, o inusitado do cotidiano provoca a dúvida e o questionamento trazendo nuvens de tristezas.
Existe lógica para a total alegria no caminho da vida?

Minicontos

NO ELEVADOR
Quando entrei no elevador faltou luz; uma onda de calor subiu....subiu.


NO ÔNIBUS
Um velho senta ao lado de uma mulher amamentando.
___ Que seio ! Lançando um olhar cheio de malícia , fala novamente:____ Que seio !
A mulher indignada : ____ Seu tarado ! O velho aponta para trás :
____ Que “seio” está o ônibus.

NO BANHEIRO
Senta no vaso, fecha os olhos e adormece. O chão treme !

CÉU E INFERNO

Um amigo encontra o outro .
___ Não morreste naquele acidente ?
___ O inferno está sem vaga.

Conto

Quanto mais Mariana tentava sobre viver no local, mais problema atraía. Tornou-se claro e notório a todos na cidade, que José declarara guerra a pobre moça. Causando um divisor de opiniões: os que a odiavam, porque José assim fazia e, os que a amavam porque causava ódio a José.
José como não conseguia que a moça desistisse, por vontade própria, decidiu que esta fosse, literalmente, posta para fora da cidade, em uma noite chuvosa e fria.
A seu mando foi seqüestrada e levada para fora da cidade; quando já estava distante o bastante, foi posta frente a José- que com ar de vencedor, lhe proferiu algumas palavras.
Entre elas o fato de poder tirá-la dali e, ela não poder fazer o mesmo. Amarrada e humilhada Mariana lhe disse: ¨”podes me tirar a vida, para impedir que retorne, mas, jamais o sentimento da vontade de ficar...”
José, homem distinto na localidade, sua posição financeira, dono de boa parte do comércio da cidade interiorana de Lago Verde.
Chegada recentemente ao lugarejo, Mariana, moça simpática, agraciada de baleza e humildade; com pretensão de estabelecer-se naquele lugar.
Assim, como toda cidade do interior, sempre que alguém “novo” no local aparece torna-se notícia e, todos querem conhecer.
Porém, José não costuma ser receptivo a novidades. Logo, acredita ser ele o senhor que decide quem pode ou não morar no local.
Por algum motivo, alheio a sabedoria dos demais, decidiu que Mariana, ali não poderia
Instalar-se. Logo começou destratá-la, não possibilitando que conseguisse comprar ou mesmo vender algo na cidade.

Margarida

Festa campeira,
Tudo combinado, regras traçadas, palco iluminado.
Tendas erguidas.
Maxixe não pode alguém relembra.
MTG não permite.
Todos no arrasta pé, até que um gaudério de fama,
Entre os parceiros, entra dançando com Margarida.
Beija, abraça, sapateia, galanteia.
Mas, o segurança o tira do tablado.
Muito furioso, grita já querendo fazer peleia.
Tudo bem, maxixar era proibido, segundo a regra.
Mas dançar com o pônei – não.

E se ...

E se...
Não fosse educadora.
Fosse viajante.
Ganhasse na loteria.
Tivesse que caminhar muito diariamente?
Fosse para o Japão.
Comprasse uma editora.
Produzisse arte.
O celular não existisse.
Não me comunicasse via on line?
Gostasse da cor rosa?

Criação a partir de palavras escolhidas pela turma

O BOICOTE

Houve um boicote na cidade a LÓGICA era saber o por quê. Porém a ALEGRIA de
Alguns, que vinham no CAMINHO VERDE, expressava a EXPECTATIVA de
LIBERDADE que a CRIANÇA traz ao ingressar na VIDA de estudante.
O inusitado da questão, era a dúvida com relação ao QUESTIONAMENTO que a me-
nina fazia:: Por que boicotaram a LITERATURA?

Criação a partir de uma frase

”Há um rio que atravessa a casa. Esse rio, dizem, é o tempo.. E as lembranças são peixes nadando ao invés da corrente." ( Mia Couto, O fio das missangas )

As lembranças para Pietra são diversas, vão e vem;
Dentre as inúmeras que perpassam em seu pensamento recorda, ao despertar pela manhã chuvosa de domingo, como muitas deixam cicatrizes profundas. Algumas se vão como a água que corre; outras enchem tanto que transbordam.
As pessoas, os objetos, os acontecimentos tem significados marcantes. Pessoas que morrem e deixam saudades e ensinamentos; objetos que se quebram ou são muito bem guardados pelo valor inestimável.
E os acontecimentos... Há estes permanecem sempre em suas lembranças, principalmente com aquelas pessoas que Pietra conviveu; pois estas já partiram, sem voltar da corrente.